Resenha Enxuta: Homem Aranha 121 / 122

E isso ai putada. Vamos inaugurar uma nova coluna nesse blog pobre, porém limpinho, destinada a resenhas de hqs atuais. E vamos estreiar essa bagaça com o personagem preferido do Moe: Homem Aranha. Modo WitchKENGA ON: clique ai e cerveje com seus póprios zóios. Modo WitchKENGA OFF.

Se você ainda não leu, tem spoilers.

Como todos sabem, a vida de nosso querido Pedro Prado não anda lá essas coisas nas mãos do sexteto sinistro da industria hqzística. Identidade revelada, corno da Gwen Stacy (coisa que não li e nunca lerei) casamento desfeito por causa de um pacto com Mefisto, Tia May morre e volta 3457115681255155654² por ano e essa lista continua interminavelmente.

Uma das coisas que mais gosto em personagens de hqs, e que com o Homem Aranha isso era muito bem trabalhado, é a evolução do personagem como pessoa. Acompanhem comigo: de um nerd loser de marca maior que morava nos subúrbios de NY, ele se tornou um super heroi, mudou-se para a Big Apple, fazia bicos como fotógrafo, namorou a sua queridinha de colégio que acabou virando uma top model de fama internacional, voltou a morar nos subúrbios, voltou pra cidade grande, casou-se com sua namorada, amadureceu, virou professor e blábláblá. Poderia ficar horas falando de um dos meus personagens preferidos mas vamos seguir com o post.

Depois de inúmeras críticas dos fãs americanos sobre o fato de Peter Parker estar casado, o editor chefe da Marvel Comics teve a Jenial ideia de separá-lo de sua esposa. Beleza, até aí tudo bem. Processo de divórcio do amor de sua vida (sim, isso mesmo que vocês leram. Chupem fãs de Gwen Stacy) daria uma boa carga dramática ao já tão sofrido heroi. Isso seria até bacana. Um personagem que sempre foi o sinônimo de alegria e que, apesar de toda a merda que passou pela vida/carreira, sempre soube dar a volta por cima, ainda não tinha passado por esse tipo de perda. Seria o ideal a se fazer nesse caso certo?

Nãããããããão. O intelejumento Joe Quesada pensou que o ideal e mais condizente com a personalidade de Peter Parker seria fazer um pacto com um demônio. Mas Sorg, isso foi para salvar a Tia May, mimimi bóbóbó. Não importa. Isso, na minha opinião, não condiz e nunca irá com a personalidade de um super heroi que eu cresci lendo. Nem para salvar a véia imortal, nem MJ, nem Gwen Stacy e nem mesmo o Tio Ben.

Bem, depois de ser bombardeado com críticas a respeito disso e do porque a humanidade não lembrar de sua identidade revelada durante Guerra Civil, Quesada escreveu a mini série One Moment In Time que, teoricamente, explicaria o fato do fim do casamento do Aranha e do esquecimento de sua identidade pela geral.

Escrita por Quesada e desenhada em partes por ele e outra pelo ótimo Paolo Rivera, o gordinho editor chefe da Casa de Ideias coloca Peter e MJ para discutir a relação. Sim amiguinhos, uma hq com DR. Retconeando a época de seu casamento, Quesada insere momentos antes da cerimônia, tipo a despedida de solteiro dos dois (a do Peter, pelamordedeus que coisa mais deprê), dúvidas a repeito do passo que iriam tomar e afins. Isso tudo intercalado pela conversa (bacana por sinal) do casal.

Na segunda parte da mini (publicada na revista 122) ficamos sabendo claramente, e de forma bem cretina, como a humanidade esqueceu que Peter Parker é o Homem Aranha: desesperado pelo balaço que a Tia May (MORRE DEABO) tomou, que era dirigido para ele e pelo assassino perseguindo MJ, Peter pede auxílio ao Dr. Estranho, para que ele, o mago supremo, faça algum tipo de magia que faça a humanidade esquecer sua identidade secreta (maldito Mark Millar).

Em forma astral (huumm, boiola) Stephen Strange convoca os paus no cu Reed Richard e Tony Stark para uma reunião. Sério, que saco esse enfodecimento do Homem de Ferro e Sr. Fantástico como os senhores supremos do universo Marvel 616.

A princípio, Tony Pinga recusa a ideia de unir a magia do Dr. Estranho com a tecnologia do extremis para causar um efeito amnêsico na população mundial porém acaba aceitando por dó da fumiguinha do Peter. Sim, essa é a explicação do Quesada: a junção de magia e tecnologia.

E o Sr. Fatárdico nisso tudo? Ficou lá olhando a porra toda. Dr. Estranho constroi, no meio da quizumba, uma redoma de proteção que faria somente quem estivesse dentro dela lembrar do ocorrido que os outros esqueceriam, até mesmo os três, e que deveria ser usada somente pelo Pedro Prado. Porém, em um último momento de sei lá o que, ainda não entendi essa atitude, Peter sai da redoma, pega a inconsciente Mary Jane (que estava com ele na mansão do Estranho) e volta com ela para drento da parada.

Voltando ao momento atual (lembrando que isso tudo foi narrado pelo Peter para MJ na DR), Marijuana, com os zóios cheio de lágrimas pergunta porque Peter não deixou ela esquecer também.

Saldo final da hq: os dois declaram que se amam muito porém continuam separados e o Quesada, assim como o Gaiman, escreveu essa hq enquanto dirigia. Porra, que explicação cretina. Sério, curtia muito as histórias do aranha quando ele era casado, os perrengues com as contas, o ciúme pela MJ, a choradeira por ser um fudido que não tinha trabalho direito. Entendo também que o personagem é um produto e que a Marvel é uma empresa que sobrevive da comercialização de seus produtos. Mas, ao menos para mim, isso é um puta desrespeito com o consumidor.

Como disse acima, nunca jamé o aranha faria um pacto com o demo. Isso ele já fez com a Tia May huahauahuahauhauahuaha. O aranha que eu conheço, imortalizado por Stan Lee, Steve Ditko, Erik Larsen e mais uma porrada de artistas é um cara do bem. Que bebe leite. Que cresceu com crenças, valores e morais que ele não trairia nunca.

A parte disso, que merda hein Quesada. Ok, não critico a mistura magia+tecnologia. Mas a saída me pareceu tão cretina, tão simplista, que era melhor ter deixado a merda como tava, e não ter fuçado mais para piorar o fedor. E não resulta em nada também. Peter e Mary Jane continuam separados. O casal 20 das hqs termina a mini série indo cada um para seu lado, porém em paz. Andou, andou e não saiu do lugar.

É uma pena que os “adultos” fãs de hqs americanos são uns gordos cretinos que moram nos porões das casas dos pais e não querem ler o homem aranha adulto, casado e com problemas de adultos. Nós gostamos do aranha de várzea, do aranha moleque, descompromissado. Sim seus merdas, mas acompanhar a evolução de um personagem de hq é uma das coisas  mais bacanas desse vício. E o aranha adulto, casado e com problemas maiores que enfrentar valentões de colégio, é a ordem evolutiva natural disso tudo.

Nota 5/10 – valeu pelas capas maravilhosas do Paolo Rivera (Alex Ross é a minha pica) e os diálogos escritos pelo Quesada.

E sim, ler essa história me emputeceu e sim, eu já esperava não ser lá essas coisas mas, como disse o Inferno uma vez, eu sou nerd até o osso e não podia deixar de ler. Ou sejE, eu sou um verme hauhauahauhauhauahuahua.

Homem Aranha – Revista mensal, formato americano, 100 páginas, papel Pisa-brite, R$ 6,50

Inté.