Penetras no Baile!

Então cambada, parece que tem alguém que realmente tá querendo uma vaga de titular aqui no BdE. Quem? Adivinhem… Ahh, é o Rosinha! Cliquem aí para matarem Dois coelhos com uma caixa d’água tduum tshii!!

Olá gente. Voltei ao BdE e agora vou falar da mais nova aposta do cinema brasileiro, o visionário (esse daqui é sem aspas mesmo, seu burro) filme “2 COELHOS“.

Mas antes, vamos falar de cinema no Brasil… Fazer cinema (de verdade) no Brasil é difícil pra caralho. Há uma burocracia imensa, e os patrocinadores só querem investir nas fórmulas fáceis e óbvias, aquelas comédias idiotas da Globo, cheias de clichês e sem um pingo de inovação e criatividade. Para surgir um ‘’Tropa de Elite’’ da vida entre nove ‘’Se eu Fosse Você’’, é necessário muita luta e vontade pra que o projeto vá pra frente. Não é a falta de bons profissionais – atores, diretores e roteiristas – que limita nosso cinema, e sim a falta de empenho e coragem.

Porém, o novato Afonso Poyart chegou para mostrar que a gente pode ter esperança no futuro do cinema da terra brasilis. Com o custo de míseros 4 milhões de dinheiros brasileiros (com mais de 60% disso, bancado pelo próprio diretor), o cara nos mostra o filme ‘’2 Coelhos’’, um dos melhores filmes brasilianosda atualidade.

Pra não haver posteriores achaques de bambi, vou evitar dar (ui) spoilers sobre o filme aqui. Bom, quando 2 Coelhos começa, você nota que o troço é diferente. Mesmo contando uma história simples – um plano mirabolante para roubar R$ 2 milhões de um grupo de marginais, que inclui um deputado e uma funcionária safada do Ministério Público, o filme insere elementos que não estamos acostumados a ver em produtos brasileiros, como grafismos, efeitos mirabolantes de montagem, metáforas de película (sou descolado) jogos rápidos de câmera e diálogos ácidos e sagazes, que lembram muito o esquema de filmes do Tarantino.

Referências pop, aliás, não faltam ao longo do filme. Além do Tarantino, fica fácil de identificar, em algumas sequências, referências descaradas ao ‘’visionário’’ Zack Snyder e ao diretor do Sherlock Downey Jr. Holmes, Guy Richie. O que é mais interessante no resultado final é que a ‘’salada’’ de referências não é gratuÍta, e está muito bem atrelada a trama, incluindo os momentos mais sem noção (que há vários no filme).

Mas não é só de efeitos especiais e cultura pop que é feito o filme. Afonso Poyart, o diretor da bagaça, não se esqueceu de duas coisas importantíssimas: cu e buceta roteiro e atuações. O script é rápido, instigante e cheio de reviravoltas, e de quebra, o espectador ainda é convidado a montar um quebra-cabeça audiovisual, que remete a uma dura (ui) crítica a sociedade, política, corrupção e a impunidade. 

E se tem uma coisa que virou moda depois dos filmes de Tropa de Elite, é expor as mazelas da terra brasilis, que vão muito além da pobreza e da seca do Nordeste. O elenco é encabeçado por Fernando Alves Pinto (ui), que faz o papel de Edgar, um jovem complexo, que alterna entre a nerdice e a loucura. Alessandra Negrini interpreta Júlia, uma mulher maluca, semelhante ao Renê personagem de Fernando Alves. O resto do elenco conta com Caco Ciocler e Thaíde, aquele carinha d’A Liga, programa da Band. Para retratar a trama tipicamente urbana, São Paulo é perfeita.
A cidade surge na tela mostrando sua exuberância e seu lado decadente.

Além das referências cinematográficas, há também referências a jogos de vídeo game e histórias em quadrinhos (com cenas montadas em pixels, que faria Zack Snyder morrer de inveja).

Como estou elogiando muito esse filme, vou citar um ponto negativo (entender isso como – meter o pau):
O plano de Edgar fica claro apenas na última parte do filme, e é explicado por Julia de uma maneira bem boba e passageira. Longe de mim, querer que o diretor tentasse ser um Scorsese da vida, mas acho que ficaria melhor se não houvesse explicação sobre o plano e o público fosse (mais uma vez) incentivado a usar a inteligência, fazer esse povo burro usar a cabeça. Já que ele já havia feito isso tantas vezes durante o filme. Mas… É isto.

Direção e Roteiro: Afonso Poyart.

Elenco: Fernando Alves Pinto, Alessandra Negrini, Caco Ciocler (e mais uns figurantes).

NOTA: 8.